"Bethânia roda suas saias..."

“Maria Bethânia canta para sempre. Há algo em sua voz que dura para a eternidade, que jamais se dissipa como as ondas sonoras vulgares. Talvez porque não seja o resultado efêmero do atrito das cordas vocais: o canto brota no corpo de sua alma, na mesma entranha onde se produz a palavra “eu”. Bethânia interpreta para o alto, além das cortinas, em palcos azuis.

Há algo no movimento de suas mãos que dá cor ao ar, que preenche o ambiente com sua presença morena, que inunda de vitalidade os interstícios do silêncio. A leveza de seus pés descalços cava abismos no palco, flutua como penas esquecidas de um pássaro proibido ao alçar voo rumo à manhã. Bethânia roda suas saias, comanda os ventos, descreve com o corpo o símbolo do infinito - ou 8 ou 80. “

Renato Forin Jr.

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