Uma Iara
(Adriana Calcanhotto)
Nesse mês de florido Maio, o índio entrou de canoa no rio - o coração trêmulo
A Iara veio vindo devagar
Abriu os lábios úmidos
E cantou suave a sua vitória
Houve festa no profundo das águas
E sempre à tardinha aparecia a morena das águas
A se enfeitar com rosas e jasmim
Por que um só noivo não lhe bastava
Ah a Iara a que canta, a que chora
Uh Uh Uh Iara...
Ah, Ah a Iara... a que dorme na vitória régia
Ai daquele que cai na tragédia da nuddeza da sua voz
Uh Uh Uh... Iara... a que canta, a citéria
Ai daquele que cai na tragédia da nudeza do seu véu
É preciso manter a proa da margem que encerra
Se ele é livre ou se é dela
Ah, a Iara... a que canta, a que chora...
Ao cair de todas as tardes a Iara surge de dentro das águas, magnífica
Com flores, enfeita os cabelos negros
No mês de Maio, ela aparece ao pôr do Sol
E a medida que Iara canta, mais atraídos ficam os moços
Houve um dia, um tapuia sonhador e arrojado
Estava pescando e esqueceu-se de que o dia estava acabando
E as águas já se amansavam
"Acho que estou tendo uma ilusão!", pensou
A morena Iara de olhos pretos e faiscantes
Erguera-se das águas
O tapuia teve medo, mas de que adiantava fugir
Se o feitiço da flor das águas já o enovelara todo
O tapuia sofria de saudade e Iara, confiante no seu encanto, esperava.
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