segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

“Carta de Amor” em Fortaleza, 14.12.2012... ou...

“Quem é Rainha nunca perde a Majestade”
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Três resenhas de Re(Versianos) presentes ao show:
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"Como estarei em cartaz aqui em Recife no próximo dia 25 de janeiro, e não poderei ir ao show de Bethânia, resolvi ir a Fortaleza. Fui sozinho. Cheguei na quinta e voltei no sábado. O show marcado para as 22h, cheguei no local antes das 20h e fiquei assustadíssimo com o tamanho de duas filas quilométricas. Fui até a porta de entrada, até então fechada, e fiquei chocado com a desorganização e a atitude de alguns funcionários. Fiquei ali, pois as pessoas foram se aglomerando e não existia mais fila e sim uma multidão enfurecida gritando, vaiando e ameaçando entrar a qualquer custo. Depois de muito tempo e alguns empurrões de seguranças totalmente atônitos e despreparados, abriram meio que pela metade as portas de vidro. Juro, pensei que fosse acontecer algo trágico. Tinha senhoras, senhores, um corre-corre para chegar na outra portaria onde iriam conferir os ingressos. Depois soube que houve pisões, empurrões, choros etc. Algumas pessoas chegaram as 17 horas e ficaram sem cadeiras. Já no meu lugar, uma cadeira lateral na quarta fila, comecei a me assustar novamente com a revolta das pessoas que não tinham onde sentar. Foi aterrorizante. Pessoas em pé em cima das cadeiras gritando para que outras sentassem, pois atrapalhavam a nossa visão. Seguranças nada conseguiam fazer. As cadeiras eram amarradas por lacres plásticos uma nas outras. De repente, várias pessoas começaram a quebrar violentamente os lacres, colocavam as cadeiras nas cabeças e invadiam o local das mesas. Nesse momento, achei que tudo iria por água abaixo. Quando um locutor ameaçou começar o show, vi do outro lado várias pessoas pulando as grades e invadindo as mesas, quem estava nas mesas ficaram apavorados. Quando as luzes se apagaram, detalhe que os músicos estavam no palco vendo tudo, as vaias aumentaram. Pensei que Bethânia não iria entrar, ou entrando, daria um texto e sairia. A primeira canção "Canções e Momentos" foi debaixo de um barulho ensurdecedor, vaias e gritos. Acho que como usa o ponto de retorno, Bethânia não percebeu direito. E com sua majestosa presença cênica conseguiu enfeitiçar a platéia com um desfile de belas canções e interpretações fabulosas. O povo acalmou, mas ao meu redor, várias pessoas ficaram apenas ouvindo o show, pois não tinha como ver o palco. Eu tive que ficar em pé durante o show inteiro, muitas vezes em cima da cadeira, depois 'roubaram' minha cadeira e fiquei em pé no chão, vendo o palco por entre cabeças e ombros nervosos. LAMENTÁVEL A ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA CONTRATANTE, digno de processo judicial.
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Bem, apesar de tantos transtornos, “ELA” arrasou. O show foi lindo, apesar do local não ser apropriado para esse tipo de show. Tenho certeza que no Teatro Guararapes, em Recife, vai ser encantador.
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No final, ainda fiquei ao lado do camarim e vi Bethânia falando com muita simpatia com vários fãs, depois passou por mim rapidinho, decidida a chegar logo no carro, fazendo um sinal de 'tudo bem' com as mãos. Eu ainda gritei: "Recife lhe espera" e ela sorriu.
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Tenho certeza que poucos artistas conseguiriam reverter àquela situação."
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Resenha de Eduardo Japiassú
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"Nunca havia visto tamanho despreparo e negligência por parte da empresa contratante. Não havia cadeiras suficientes, pessoas em pé tomavam a frente dos que estavam sentados, em pouco tempo uma multidão se levanta contra a organização, vaias, etc.  Houve um momento que temi o que poderia acontecer, e cheguei a achar que ela não entraria, mas se isso acontecesse, quem conteria aquela horda? No local onde eu estava pessoas revoltadas por não haver cadeiras, romperam o cerco que os separava das mesas e foram sentar nesta área, não havia como deter essa justa revolta. Tinha tudo pra ser um show bom, mas foi em parte ofuscado pelo despreparo e negligência da empresa contratante.
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Maria Bethânia entra, a principio vaias, não para a artista, mas um modo de protesto para a forma como foi conduzida a venda e a organização desordenada do evento. Na segunda música o público acalmou. Como uma entidade Bethânia com seu canto e seu amor conseguiu conter aquela multidão que foi arrefecendo diante de sua magnitude. Isso foi incrível. Fiquei lembrando Freud quando fala do papel do lider de promover por meio da identificação amorosa a união da dispersão de um grupo.
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Gostei muitissimo do show ao vivo, confesso que não estava tão empolgado com os vídeos que havia visto aqui mesmo na comunidade, tanto que não havia comentado ainda, mas Bethânia no palco é outra coisa!!! Os DVD's nunca conseguem captar totalmente a energia que ela consegue emanar e conduzir seu público. Outro ponto positivo foi que ela cantou mais e dramatizou menos que no show de estréia, poucas vezes ela 'desacelerou' a voz em relação ao instrumental. Ao vivo a união de Festa-Dora é linda, isso o vídeo não consegue captar completamente. A única música que achei um tanto fraca é aquela do Arnaldo Antunes em que ela apresenta a banda. No mais o show está muito bom e Bethânia como um vinho, só melhora com o tempo, mostrando que o palco é realmente onde ela reina."
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Resenha de Odimar Feitosa
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"Bem, gente fina, elegante e sincera da ReVerso, o negócio é o seguinte: terei de relatar, primeiramente, claro, minhas humildes e emocionadas impressões do Show da D. Maria e depois falarei dos detalhes sórdidos...
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Maria Bethânia pisou o palco para ser aclamada pela enorme plateia que lotava(lotava de faltar lugar, mas falo disso depois) o Salão Almofala de nosso gigantesco Centro de Eventos. Mais de 5 mil pessoas sedentas por beber de sua arte. O roteiro foi basicamente o mesmo. Mas que básico!!! A entrada com "Sangrando" já me fez horar. Eu que estava a muitos metros de distância do palco(lembrem que falei que o local é imenso) pude ver fãs de TODAS AS IDADES se renderem logo na primeira canção ao poder de encantamento da baiana. Dos mais jovens cantando todas do cd "Oásis" e mais algumas a outros de mais idade, como eu, cantando todas, inclusive as mais clássicas. Foi um verdadeiro cortejo de todas as classes, idades, tipos e cores indo reverenciá-la. Do governador do estado ao mais jovem estudante, todos encantados.
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O palco era o mesmo, com tudo funcionando a contento, com a delicadeza na medida certa para emoldurar as pinturas que Bethânia ia fazendo com as canções. Pena que não havia lugares mais altos, pelo menos que nos permitisse ver o tapete que Maria pisava, que tanto sucesso fez por aqui. As luzes cadentes durante GUACIRA e o surpreendente surgir da tela de fundo ao final mereceram aplausos destacados.
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Wagner Tiso deu, realmente, sangue novo, um frescor até, aos arranjos. A cada música, como no caso de "Fera Ferida", a surpresa com o ritmo inusitado e a levada diferente agradava muito ao público, que fez coro também para "Fogueira" e "Negue"(esta quase leva o teto abaixo).  Banda perfeita, arranjos mais fortes, foi um show a parte. Ao apresentá-los, Bethânia pediu licença aos cearenses Pantico Rocha e Jorge Helder(como quem chega, educadamente, na casa de um amigo. Uma festa). Os dois muito aplaudidos. (Jorge Helder um pouco mais, se é que me entendem...rs)
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Ela agradeceu  várias vezes. E declarou-se "comovida com a recepção sempre tão calorosa com que o público cearense lhe recebe".
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O final do primeiro ato, com a portuguesa "Quem me leva meus fantasmas?" fica meio perdido, morno, diante do ritmo forte e contagiante do primeiro ato. Talvez seja esta a intenção. Sei lá... Gente, como passa rápido. O intervalo, com a apresentação que a banda faz, encanta, principalmente pelo instrumental de "Maria, Maria".  Mas nesta hora, senti mais a falta do Jaime Alem. Mas fazer o quê, né?
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Ela retornou para o segundo ato cantando "Festa" (que deve ser apoteótica, cantado no Recife). Não poderia ter hora, nem lugar melhor para ela cantar tal obra, pois nosso interior passa por mais uma seca daquelas. Foi a tradução perfeita do desejo de um povo.
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"Lua Branca" fez muitos olhos marearem. Linda. Levemente acompanhada pelo público. "Nossa casa" e "A casa é sua" foram das que mais me encantaram.
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Daí, ela faz o pout-pourri de sambas de roda entrelaçadas por "Reconvexo". Que charme tem a baiana!! Palmas, aplausos e os já esperados gritos com proparoxítonas que tentam defini-la. UM SHOW.
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No segundo bis, com "...E o mundo não se acabou" e "Ela desatinou" Bethânia se despediu do público cearense que declarou sua paixão por Bethânia. Todos embevecidos e hipnotizados pela força de seu canto e a beleza de sua arte. Almas lavadas. Corações felizes. A certeza de que é muito bom tê-la diva, viva e plena perto de nós. Foi uma noite I-NES-QUE-CÍ-VEL.
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Não demore mais quase 5 anos sem vir nos ver, Bethânia. Como você pode perceber ontem, pode voltar sempre, pois "a casa é sua"!
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Resenha de Wilson Rocha.
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Vídeo de Jean Souza dos Anjos: "Fera Ferida" (Trecho) + "Quem me leva os meus fantasmas?".
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4 comentários:

Cid Moura disse...

Realmente a organização foi tenebrosa, irresponsável....gente, até hoje, reflito como pode....?

rafael disse...

Odimar, Wilson e Eduardo, sem sombra de dúvidas vocês amaram o show, mesmo com as dificuldades conseguiram deliciar-se do mel de Bethânia, isso que importa.
Fico triste pelo fato do Brasil ter ingressos caríssimos, casas tão ruins, e um povo tão despreparado para atender o público. Mas fazer o quê, não é?

Luiz Marcelo disse...

Por favor, me respondam!!!!!!!!! É verdade que nesse show a Bethânia canta "Mensagem", com direito ao texto "Cartas de Amor", de Fernando Pessoa?

Eduardo Lott disse...

Luiz Marcelo, no sensacional "Carta de Amor", Bethânia canta/declama "Mensagem/Cartas de Amor" no BIS. Assim foi nas apresentações no RJ, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza. Torçamos para que na temporada 2013, Dona Maria mantenha esse belíssimo BIS.