sexta-feira, 3 de setembro de 2010

“Bethânia e as Palavras” ? Foi assim...

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Ontem, 4 anos de Maria Bethânia Re(Verso)... Nos outros 3 anos, sempre disponibilizamos um vídeo bacana para comemorar, dávamos o presentinho de aniversário, hoje, fiz diferente, resolvi receber um presentinho, a pré-estreia do novo espetáculo de Dona Maria.
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Podem dizer: “Mas não é novo!”, não, não é tão novo assim, mas, tudo está mais ajeitado, poemas (e músicas) inéditos na voz de MB. Um espetáculo de uma atriz!!!!

Um palco limpo, fundo negro, músicos, dois, entram e se posicionam no lado direito, uma estante de partituras no lado esquerdo, Bethânia entra serena e canta :

“Iansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim...”


... dando início ao “sarau da Maricotinha”. O roteiro está aí, disponibilizado, só usar um pouco de imaginação e ouvir...
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Platéia de alunos, barulhenta, inquieta, celulares não desligados, repórteres, fotógrafos com máquinas infernais, mas, Dona Maria segurou as pontas, estava soberana, feliz, muito feliz, isto foi nítido todo tempo.

O barulho da plateia foi o aspecto ruim da noite, é um sarau, um recital, é mais que necessário silêncio e atenção.

Pétalas de flores retiradas de uma sacolinha, e jogadas sobre MB antes da hora, ainda não era o final, gesto excessivo, desnecessário... Élvio tinha que estar lá!!! Hehehheh

Curtam o material oferecido na entrada: lápis e ‘caderno’, uma delícia de brinde.
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O vídeo bacaninha de aniversário? Semana que vem... Estes próximos dias, teremos muito material / depoimentos, sobre os primeiros dias de ”Bethânia e as Palavras”.

Um momento deslumbrante:

“Oh velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando como a canção da força e da vida
Só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!”


Autor: Craveirinha.
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As fotos são de autoria do talentosíssimo Roberto Muller. Muito obrigado Roberto!!!!!
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PS: A platéia desta pré-estreia era formada por alunos de escolas públicas, de cursos de pré-vestibular comunitário e alguns poucos convidados. Não houve venda de ingressos.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Poema "Quero ser Tambor" do poeta moçambicano José Craveirinha (1922-2003). Poema dentro de um contexto anti-colonial de luta pela independência de Moçambique do colonialismo português. Escrito na década de 1949 - 1959. com a força telúrica de um Hino à Liberdade pela sua terra... "Tambor está velho de gritar/ ó velho Deus dos homens/ deixa-me ser tambor/só tambor gritando na noite quente dos trópicos./E nem flor nascida no mato do desespero./ Nem rio correndo para o mar do desespero./ Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero./ Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero./ Nem nada!/ Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra./ Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra./ Eu!/ Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala./ Só tambor velho de sangrar no batuque do meu povo./ Só tambor perdido na escuridão da noite perdida./ Ó velho deus dos homens(...)EXCERTO DO POEMA DE JOSÉ CRAVEIRINHA.

JVicente disse...

Quando o céu se precipita. Sempre o principio e o fim. O quê significa?