quinta-feira, 10 de junho de 2010

Maria Bethânia ganha capítulo especial em novo livro de Marisa Alvarez Lima

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Jornalista e fotógrafa prepara edição com crônicas e fotografias sobre suas memórias
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Uma obra de 1981, alçada ao patamar de raridade das mais belas, faz brilhar os olhos de qualquer admirador de Maria Bethânia. Trata-se do livro de Marisa Alvarez Lima que leva o nome da intérprete - edição esgotadíssima nas prateleiras de livrarias e sebos. “Uma mulher em chamas”, novo livro em fase de finalização de Marisa Álvares Lima, promete somar-se a esse raro material bibliográfico e sanar, ao menos em partes, a sede dos fãs.
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Com capítulo dedicado especialmente a Maria Bethânia, o livro reunirá crônicas com as recordações dessa que é uma das principais jornalistas, fotógrafas e testemunhas do cenário cultural brasileiro na época de maior efervescência e ousadia, a partir dos anos 60. Suas páginas, como não poderia deixar de ser, trazem também fotografias – autorais ou retiradas da imprensa – que dialogam com os textos.
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A experiência de Marisa ultrapassa os limites de observadora desse momento histórico. Talvez, seja mais que uma testemunha ocular. É personalidade de sensibilidade aguçada, que reuniu, por todos esse anos, fragmentos sensitivos e materiais dos bastidores da música, do cinema, do teatro, das artes plásticas. É com esse material mnemônico que ela tece suas considerações.
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Durante os anos 60 e início dos 70, Marisa possuía duas páginas mensais em A Cigarra e produziu reportagens para O Cruzeiro. Em 68, escreveu Marginalia “Na Idade da Pedrada”, que seria o último retrato profundo e fiel de uma cultura provocativa às margens do terror da ditadura militar – o material seria publicado um dia antes do AI-5. Em um livro de 2002, homônimo à reportagem, Marisa já trabalhava com a memória, reunindo não só seus arquivos de imprensa, mas também reproduzindo mensagens e desenhos de intelectuais brasileiros - fragmentos que colecionou ao longo de todo esse tempo.
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Sobre “Uma mulher em chamas”, Marisa Alvarez Lima concedeu entrevista exclusiva para a comunidade Maria Bethânia Re(Verso).
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Neste diálogo descontraído e revelador, com o qual Marisa presenteou nossa comunidade, ela conta sobre o início de sua carreira como jornalista e fotógrafa, a sua relação com a imagem, e sobre a produção do livro com fotos de Maria Bethânia. Segundo ela, “Uma mulher em chamas” está praticamente pronto – o momento é de busca por uma editora e patrocínio, tendo em vista que a publicação de uma obra em quatro cores, com muitas fotos, não é barata. Fica a nossa torcida e o desejo de ter em mãos mais um registro histórico da arte brasileira.
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Do que trata “Uma mulher em chamas”?

É um livro de minhas memórias em forma de crônicas Não é um livro de fotografias, embora tenha um grande volume de fotos minhas e outras que pincei em jornais,etc. Mas todas estão relacionadas aos textos. A programação visual também é minha. Eu digo, sem pretensão, mas sem ser modesta, que é uma "obra completa"com minha assinatura. Espero agradar.
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Lendo “Marginalia” fica claro que você é uma testemunha ocular dos bastidores da cultura brasileira. Em determinados momentos, a observadora passa a ser participante da cena. Como foi/é presenciar tantos momentos importantes da cultura nacional?

Emocionante e gratificante.
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Em nossa comunidade temos vários amigos que são fotógrafos amadores. Como a fotografia entrou em sua vida?

Comecei como jornalista autodidata em A Cigarra e depois em O Cruzeiro. Como o meu interesse era por matérias polêmicas e assuntos sobre a vanguarda cultural eu já estava preparando duas de grande interesse, uma sobre a pílula anticoncepcional e outra sobre homossexualismo. Depois do famigerado AI-5 ficou impossível abordá-las.A censura era implacável e burra. Então perdi o interesse e parti para a editoria de moda. Comprei uma câmera Pentax, aconselhada pelos fotógrafos de O Cruzeiro, em minha primeira viagem a Nova York e, sem nem saber colocar o filme nela consegui publicar 12 páginas com texto e fotos sobre o Village hippie em 1971. Foi meu início como fotógrafa.
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Fotos dizem mais do que palavras?

Depende da foto e depende das palavras.
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O que uma foto pode comunicar?

Mais uma vez depende do fotógrafo e claro, do fotografado. E da sintonia entre os dois que é o mais importante.
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Vários fotógrafos, alguns bem famosos, educados na produção analógica de fotos, defendem este meio, e não fizeram a transição para a produção digital. Qual a diferença do analógico para o digital em sua opinião?

Em particular, você trabalha com qual sistema?Com os dois. Mas prefiro o analógico apesar do gasto com filmes e a procura de bons laboratórios que andam difícil. Dá mais trabalho.
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Qual é seu interesse na fotografia hoje em dia? O que tem fotografado ultimamente?

No momento dedico-me a meu livro.
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O ‘mítico’ livro com fotos de MB de 1981. Foi uma reunião de material que você. já possuía ou tudo material novo?

Algumas fotos eu já tinha, mas a maioria foi criada especialmente para o livro, como as da Bahia, do yatch com Roberto Carlos, de uma feijoada com artistas, etc.
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Por que Maria Bethânia “pede” um livro específico?

Porque ela é única!
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O livro de 81 hoje é peça de colecionador. Raro, quase impossível de conseguir um exemplar. Chance de uma reedição?

Não, mas Uma Mulher em Chamas terá um grande capítulo sobre Bethânia com muitas fotos do livro entre outras de períodos mais recentes, etc.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Oiii! sou grande, grande fã de Maria Bethânia. Só escuto ela, quase todos os dias, amo demais! Amei o blog e estou acompanhando! goataria de saber deste primeiro livro de 1981! onde posso encontrá-lo? ou, pelo menos, qual o nome completo dele, da autora, e da editora para eu procurar. obrigado e parabéns pelo blog! bjs.
www.cariocabaiana.blogspot.com

Eduardo Lott disse...

Maria, seja bem-vinda.
O livro é de autoria de Marisa Alvarez Lima, foi publicado em 1981, o título é "Maria Bethânia", e, infelizmente, está esgotado pra mais de 25 anos. Pode tentar em sebos.