domingo, 9 de maio de 2010

Mãe, Dia das Mães, “Mãe das Estrelas”...

Durante um período a TV Educativa da Bahia exibiu uma série chamada “Mãe das Estrelas”. Esta série mostrava os artistas famosos da Bahia na visão de suas mães. Em 20 de maio de 1989, foi exibido o programa com Dona Canô.
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Parte 1:

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Parte 2

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Agora, Dona Maria fala sobre a Mãe:
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“Tenho uma atração enorme pelo mar da Bahia, cuja água é muito morna. Cada vez que mergulho nas águas de lá imagino que devia ser essa a temperatura da aguinha que tinha na barriga da minha mãe. Talvez seja essa a lembrança mais remota que tenho do útero materno.
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Minha mãe sempre foi uma referência para mim como artista, porque ela foi educada por dona Sinhazinha Batista, a mulher de um senador. Naquele tempo, era usual as mulheres ricas pegarem umas meninas da cidade para educar. Dona Sinhazinha reunia as moças na fazenda por três, quatro meses, e as ensinava a bordar, cozinhar, cantar, ler poesia, fazer teatro, dançar.
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Minha mãe foi uma das meninas que Dona Sinhazinha levou e desde muito cedo brilhou como atriz do grupo de teatro. Ela sempre gostou muito de teatro. Minha primeira diretora foi ela. Eu fazia um personagem meio moleque e ela me dava grandes toques.
Ela também vivia cantando as canções antiguinhas e elas surgem na minha memória através dessas lembranças da minha mãe cantando.
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Minha mãe também assobia muito bem e isso foi uma coisa que o Caetano absorveu. Ele compõe assobiando e, volta e meia, quando nos falamos, ele lembra da afinação da minha mãe assobiando e de como isso o influenciou. Minha mãe também me apoiou muito na minha carreira, sempre indicando que era uma coisa séria, sempre admirando a minha postura. Quando estou em cena, é como se eu a traduzisse um pouco. Acho mesmo que se não fosse a história dela com meu pai, ela seria uma artista.
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Mamãe nunca foi severa, mas sempre foi muito justa. Nós, os filhos, é que tínhamos que descobrir os limites. Nunca apanhamos, mas no olhar dela e do meu pai havia uma exigência implícita, como se eles falassem ‘respeitem as pessoas’. Aprendemos isso com naturalidade.
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Minha mãe é uma força da natureza. Tão simples, mas de uma sabedoria...
Até hoje ela cantarola trechos de ‘Norma’ que ficaram na sua memória, porque era uma ópera que ela ouvia desde menina. Ela Não teve uma grande formação, mas tem uma sabedoria que derruba muitas vezes os mais ilustrados.”

Dona Cano, pôr sua filha Maria Bethânia no livro “É a mãe! Visões sobre a figura materna”, de Lucia Rito. Editora Record, 1998.
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4 comentários:

Anônimo disse...

Pessoal, que surpresa!

Vocês continuam surpreendentes, criativos e com extremo bom gosto.

Bom DOMINGO para todos!

juanmarkus777 disse...

Parabéns pelas atualizações e as sempre agradáveis novidades.

Anônimo disse...

Meu Deus! Como Bethânia e D. Canô são parecidas! Não só fisicamente, mas no jeito de falar, nas pausas para pensar, nas expressões... até no silêncio são parecidíssimas...

Marcelo

Musica Nova disse...

Dona Canô é praticamente a Ave Maria da MPB...
Olha só: trouxe Bethânia e Caetano Veloso ao mundo... Não podia ter coisa melhor pra alguém fazer.

Abraços!
Rodrigo.